quinta-feira, 29 de julho de 2010

tudo vermelho.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Gosto do frio de São Paulo.
Gosto de ver a cidade sob chuva,nuvens e neblina...
Andar nas ruas e ver guarda-chuvas de tudo que é cor.
Ver pessoas misteriosas, pensativas, debaixo de seus casacos e sobretudos, tremendo de frio com suas sombrinhas e guarda-chuvas que acolhem pensamentos vagos e protegidos de pingos d'água.
Dá vontade de abraçar mais,bem mais...daqueles abraços que você nem pensa em largar a pessoa sabe? De ficar pertinho quase que colada e falar baixinho perto do rosto pra sentir a respiração saindo da boca. Vontade de beber vinho quente e ficar na cama a tarde toda esquentando os pés (com cobertor ou com outros) ouvindo a chuva na janela, ouvindo música. Embebedar-se de tanto vinho quente e começar a dançar aquela música favorita sozinha no meio da sala. Jogar conversa fora e abraçar novamente...
Ir na sacada, fechar o olho e sentir no rosto o dia amanhecendo...
Bom seria se fosse sempre assim.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Carta para Clarice

São Paulo, 11 de Julho de 2010.

Querida Clarice,

Como vai você? Desculpe a demora para lhe escrever, é que a falta de tempo ultimamente só aumenta. Estou escrevendo para saber das novidades e lhe falar também que estou lendo mais um de seus livros. Você sabe, não gosto de puxar saco nem fingir elogios, mas gostaria de comentar sobre este que comprei. Aliás, comprei em um lindo sebo aqui no centro. Não sei o que você pensa sobre comprar livros em sebos, mas acredito que também goste. Sebos é uma forma de praticar o desapego você não acha? Se bem que alguns que tenho não consigo trocar ou doar, são aqueles que fazemos anotações enquanto lemos sabe? Uma forma de invadir nas linhas do escritor e tentar anotar as percepções sobre tal texto.
Mas voltando ao seu livro, aquele “Só para mulheres”, querida, confesso que apesar do espanto do conteúdo que ali encontrei achei ele... bonitinho. Calma, não é uma crítica, quem sou eu para criticar suas obras, é que, pelo título talvez eu esperasse mais entende? Essa minha mania de esperar algo dos outros, ai ai! Mas você me coompreenderia também, veja, logo você que expunha em seus textos o outro lado das coisas, vejo em um belo livro dicas de beleza para “mulherzinhas”. Eu sei que você não sabe deste livro, quer dizer, desta edição. Mas sabe bem do conteúdo dele, pois são aqueles do jornal que você trabalhava com pseudônimos, que acredito que você os usavam justamente por isso, para não gerar espanto nas pessoas que sempre esperavam de você o fodástico. Tudo bem, não estou pedindo para você “pagar” de feminista nem nada, mas, ler algo como “Uma boa esposa”, não sei, é meio broxante sabe?
Eu entendo que você queria passar a idéia que: apesar das conquistas femininas, a mulher tem que ter sua essência feminina. Mas querida, os anos 60 já se passaram a tanto tempo que ler essas dicas hoje, soa meio que engraçado e motivador para essas menininhas que se vestem de época sabe? Mas mesmo assim estou aqui lendo e vou termina-lo até o fim, claro. Caso eu mude de ótica até o fim, te mando outra carta, como sempre. E me desculpe se fui incoveniente mas você me conhece, não aguento ficar calada para certos assuntos e já faz tanto tempo que não nos falamos que encontrei algum assunto para escrever.
Quando vier para São Paulo, mande um e mail ou ligue para nos encontrar-mos, vou adorar conversar sobre música, cinema, outro lado das coisas e coisas de mulherzinha com você!
Bom, vou me despedindo por aqui, mande notícias!

Um grande abraço para os filhotes e seu esposo.

ps.: adorei a dica do bolo e gelo!
ps.2: estou escutando Angela Ro Ro acredita?!

Beijos de sua amiga Suely.

sábado, 10 de julho de 2010

Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio?
.....


Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.

(Caio F.)