domingo, 12 de dezembro de 2010


o mal tempo passou
E eles olhavam-se pelas janelas embaçadas-de-casinha-pequena
cada um na sua,
de dedos cruzados torcendo para que a chuva passasse e pudessem ir lá fora,
respirar fundo aquele cheiro bom de terra molhada e efim, brincar nas poças d'água.
Pulavam e sapateavam como dançarinos de gala, e sorriam, ah como sorriam!

Naquele universo introspectivo para alguns, via-se tanta simplicidade que dava gosto de ficar ali,
de fora.
Observando tudo como se estivesse na cadeira de uma sala de cinema.
Vendo um singelo momento cotidiano, um frame, um plano ou uma seqüência; explicar e/ou insultar respostas, partindo do jogo do acaso.

Ela cortou seu dedo com um caco de vidro, e sangrou, ah como sangrou!
e Ele - tão pequenino e comovido pela situação, promete a ela que nunca mais deixaria que algo de ruim acontecesse (coisa de criança sabe?), até jura de dedos cruzados se ela parar de chorar.
Porque quando se chora, a dor aumenta - sua mãe sempre diz isso - comenta

Ela acreditou e parou de chorar, o sangue parou de sangrar e a dor parou de doer.

Mas depois, o mal tempo voltou, eles pararam de dançar e o vidro da janela parou de embaçar...