segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"cê não sabe mais eu tava exatamente aqui"

três e meia da manhã.
bebendo um líquido sujo, preto, com gás e gosto de xarope de sei lá o que.
sussurra versos,
canta
grita
gritos
ou gemidos?
e pela fresta da janela velha, um vento que arrepia todos os pelos do corpo até a espinha!
- shihhh...
ele, o vento, trouxe um pedaço de saudade de cada coisa, cada pessoa, cada lugar
que fez parte de mim até o agora.
o agora.
com sussurros,
cantos
gritos
e até gemidos,
não meus! deles, delas, daqueles.
4:21h
barulho de chuveiro que vem da janela do vizinho, acabo dando uma risada irônica porquê.
- Você está esquisita (disse)
- Estou normal, apenas pensativa (eu disse)
e pela janela do apartamento, vendo a selva de concreto que existe por aqui, fico feliz quando ouço o cantar de um passarinho, que voa solitário enfeitando o céu cinzento da capital.
Imagino que esteja anunciando chuva pra lavar almas, avisando que precisamos de galochas.
Sim, galochas! pra enfrentar toda essa chuva, pra não deixar que a lama nos carregue ou até nos derrube.
preciso de mais um gole do líquido sujo, preto, com gás e gosto de xarope de sei lá o que.
Ahhh...
onde eu estava?
ah, nas galochas.
Pois é, então, no fim sobraram as galochas, os sussurros, cantos, gritos e até gemidos.
- Hã? (disse, depois de despertar do sono)
- Deixa pra lá (eu disse)
Bebo mais um gole e.

(15/11 - 4:49h - chuva,calor,bebidas e silêncio)

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